Presidente da Câmara ressaltou que Tatuí vai continuar como uma cidade arcaica enquanto isso existir e falou também sobre a situação da Escola “Accácio”
Na última segunda-feira (18), utilizando a tribuna na Sessão Ordinária da Câmara de Tatuí, o vereador Eduardo Sallum, presidente da Câmara, fez apontamentos sobre a Escola “Professor Accácio Vieira de Camargo”, tema abordado pelos vereadores João Eder e Cintia Yamamoto, e comentou a respeito de perseguição política em Tatuí.
“Teve aquele ciclone na cidade, a escola veio abaixo, a Defesa Civil interditou no dia 11/10, mais de um mês interditada, nada foi feito desde então e houve a realocação do segundo e quinto anos, três turmas de cada ano, para a Escola ‘Prof. Eunice Pereira de Camargo’. Pegaram três turmas e botaram na mesma sala de aula, pelo que eu sei. Então me preocupa muito. As outras turmas, primeiro, terceiro e quarto anos, não estão tendo aulas. Imagino, coincidentemente, o segundo e quinto anos, que fazem o SARESP, a prova para as pontuações do Estado. Eu queria entender qual é a lógica pedagógica? Como vai ser feita a realocação dos estudantes enquanto a escola está deteriorada?”, questionou o vereador.
Ainda de acordo com Eduardo Sallum, ele recebeu denúncias de que a quadra está destruída, os telhados foram retirados, está chovendo dentro, mas a secretaria da escola segue em funcionamento. “O funcionário indo lá, não faz sentido nenhum, como já foi dito pelos vereadores. Sem condição nenhuma de trabalho. Achei muito interessante a ‘gambiarra’ que fizeram para a entrada da escola, que é muito perigosa inclusive. Dizem que a Defesa Civil rejeitou a ‘gambiarra’ na entrada da escola, uma rampa perigosíssima feita pela Prefeitura. É muito curioso que um órgão da Prefeitura rejeite algo feito pela própria Prefeitura”, comentou.
“Não estamos falando de uma Secretaria onde falta dinheiro. Estamos falando de uma Secretaria que sobra dinheiro. Secretaria de Educação é 25% do orçamento, orçamento de Tatuí é de R$ 600 milhões, mas se gasta de maneira inadequada com material escolar, comprando livro de ‘não sei o que’, tem compras milionárias, enquanto a base não tem atenção. E se o problema é dinheiro, a deputada Professora Bebel confirmou que vai mandar R$ 100 mil para Tatuí, para a Escola ‘Accácio’, para reformar. Vai cair na conta da Prefeitura. Eu não vou estar aqui na Câmara no ano que vem. Peço que os vereadores fiscalizem a Prefeitura para que essa verba seja aplicada”, ressaltou.
Em seguida, o presidente da Câmara falou sobre situações de perseguição política. “Quero falar rapidamente de algo que foi dito pelo vereador João Éder e eu já falei por várias vezes nessa tribuna. Eu nem ia falar sobre isso hoje, mas acho importante. Estive lá no ponto de comércio do Luciano e a perseguição já vem de antes. Tiraram a vaga de carro, quebraram um açougue ao lado, teve que mudar de lugar o açougue porque diminuiu 40% do faturamento, de uma forma onde não se negocia nada. De cima para baixo. Vim, relatei e denunciei aqui. No dia seguinte foram ameaçar eles pessoalmente. Eu fiquei quieto, porque pediram para eu ficar quieto. ‘Para de falar, Sallum. Se falar, é capaz de irem nos matar depois. Nós temos família.’ É um problema”, lamentou o vereador.
Eduardo Sallum afirmou que existe uma “cultura da perseguição” em Tatuí. “A política de Tatuí se sente na liberdade de, quando você tem a Prefeitura na mão, acha que é uma propriedade sua e, portanto, pode perseguir políticos contrários, comerciantes, empresários em geral, funcionários públicos. Eu fui perseguido aqui nesta Casa. Quase me cassaram por três vezes. A gente vem de uma de uma tradição de perseguição, que até onde eu me recordo, ainda criança, o governo Borssato perseguia, depois veio o governo Gonzaga, perseguia, governo Manu perseguia e agora Miguel persegue também. Inclusive coincide. Muita gente trabalhou com Gonzaga, trabalhou com Manu, trabalha agora, é tudo a mesma coisa. Quando um lado persegue, o outro se sente também na liberdade de perseguir. É isso que nós vivemos aqui”, explicou.
E continuou. “Fui perseguido por um vereador quando entrei aqui na Câmara, eu tinha 23 anos, vereador mais jovem da história de Tatuí. Comecei a ser perseguido pelo vereador, virei para ele e falei: ‘Por que você me persegue tanto?’. Ele olhou na minha cara e respondeu: ‘Aguenta, que você foi eleito no lado da oposição’. Questionei: ‘Mas não fui eleito do lado de ninguém’. E ele insistiu: ‘Você foi eleito no lado da oposição, eu fui perseguido na passada, agora é sua vez de ser perseguido’. Nós temos que virar a pagina da política de Tatuí, pois a cidade não aguenta mais”, enfatizou.
“Estamos sendo governados pela mesma gente há 30 anos e repetem-se os nomes. Pega o repertório do secretariado, claro que muda uma coisa ou outra, mas estamos há 30 anos na mão da mesma gente. A cultura é a mesma e a cabeça é a mesma. Eu queria entender sobre a disputa polarizada de Tatuí. Que alguém chegasse para mim e me dissesse qual a diferença de programa que teve Alessandra, o pessoal do Gonzaga, e o Miguel nessa eleição? Qual é a diferença de programa? O que eles querem de diferente para a economia da cidade, o que eles querem de diferente para a Educação, para a Saúde? Se a gente não acabar com o 'círculo vicioso da perseguição', Tatuí vai continuar como uma cidade arcaica. Um absurdo o que fizeram com eles ali, infelizmente só por apoiar um lado contrário”, finalizou o presidente da Câmara.
Ao término da fala do vereador Eduardo Sallum, presidia a Sessão no momento o vereador Renan Cortez, que aproveitou para comentar a respeito da Escola “Professor Accácio Vieira de Camargo”.
“Esse assunto é de extrema importância, que é a reforma, a reconstrução emergencial da escola. Vivenciei algum período nessa pasta tão necessária, tive reuniões junto à Secretaria acerca dessa questão e por ser a pasta da Educação, por estarem ali os nossos alunos, por ser uma faixa etária delicada, se torna mais complexo. Deixo alguns pontos aqui para que a população tenha consciência e ciência das tomadas de decisões sobre uma situação emergencial como essa”, explicou.
Renan Cortez destacou aspectos como o cumprimento dos dias letivos, a área educacional, a segurança dos alunos, da sociedade local e do entorno da escola, bem como a questão financeira. “Temos que cumprir a burocracia do empenho financeiro, dotação orçamentária, tudo aquilo que a lei prevê como necessário para executar um orçamento, mesmo que seja emergencial. E é isso que a secretária me passou. Tudo isso está sendo pensado e realizado de acordo com a segurança, com a educação, com os dias letivos, com o orçamento, com a dotação e com o planejamento para a execução, para que seja feito o mais rápido possível, prezando a segurança das nossas crianças e a parte educacional”, concluiu o vereador.